- Muito legal da sua parte me trazer até o quarto – ela disse, encolhendo-se por causa do frio.
- Está escuro e está tarde – respondi, passando meu braço direito em seus ombros e apertando-a levemente. – Nada mais justo.
Ela riu. O som daquele riso penetrou meus ouvidos de uma maneira suave. Doce, mas ao mesmo tempo amargurado... Uma mistura perfeita do certo de do errado, do sonho e da realidade.
- Não sei se é legal você ficar olhando para mim desse jeito – seus lábios curvaram-se em um pequeno biquinho manhoso.
Sorri e aproximei meus lábios de sua orelha.
- Desculpe – sussurrei. – Olhar pra você é a melhor coisa que eu posso fazer.
Ela envolveu minha cintura com seu braço esquerdo, ficando cada vez mais perto de mim enquanto caminhávamos devagar até o quarto. As luzes dos outros quartos estavam todas apagadas, mas a lua fazia com que a noite ficasse clara e convidativa. O lugar era aconchegante e, apesar do frio, eu não queria sair dali; queria ficar, sentar em um dos diversos bancos na calçada com ela ao meu lado e ficar conversando sobre as coisas sem explicação do Universo. Ri com esse pensamento. Mesmo sentindo que queria ficar com ela para sempre, era errado. Mais do que prejudicar a mim, esse relacionamento prejudicaria a ela e com certeza aos negócios do pai dela caso virasse fofoca. E, mais uma vez, minha felicidade estava limitada.
- Olha, que lindo, duas namoradinhas aproveitando a noite – a voz que eu menos queria ouvir interpretou essas palavras. – Não querem parar e se divertir um pouco com a gente?
Ela olhou para trás, mas rapidamente virei seu rosto.
-Não olhe – falei. –Já estamos quase chegando ao seu quarto, e é melhor não dar ouvido ás provocações dele.
- Mas... Quem é ele? – ela disse, franzindo o cenho e encarando-me.